Em algodão em rama

Nevoeiro no Porto / Foto JR

Gostava de ter direito a uma dose de algodão em rama para, como se diz em teatro, poder sair de cena, sem grandes ondas, pela esquerda baixa e sempre que me apetecesse. Sem discussões teóricas, na sequência dessa espécie de lassidão progressiva que Júlio Pomar referiu quando confidenciou a Mário Dionísio o percurso de algumas dúvidas instaladas.   O texto - "O último baluarte" - é um notável e incómodo testemunho que abre um álbum sobre Pomar que as Publicações Europa-América editaram em 1990. Pomar - revela Mário Dionísio - confessou-se na época a viver mal, de tarefas mercenárias, difíceis de encontrar, e a não querer desperdiçar o pouco tempo que lhe sobrava em discussões intermináveis à volta de uma mesa.