Esgotei todas as minhas notas de rodapé

Um livre trânsito para qualquer viagem, numa biblioteca. JR

Acabei de ler a crónica que Eugénio Lisboa assina na mais recente edição do Jornal de Letras - "Bibliotecas" - e dei por mim a lembrar-me do senhor Silva, um secretário administrativo (bedel) da Universidade de Coimbra que trabalhava para a Biblioteca da Universidade, enfrentando a desconfiança dos estudantes mais empenhados na vida associatica coimbrã antes do 25 de Abril ao pedir-lhes comunicados e outros documentos em distribuição alegal pela Academia, documentos que recolhia para o espólio da Biblioteca. Esta vontade de ter tudo o que se edita não é exclusiva da norte-americana Biblioteca do Congresso, com um espólio de dezenas de milhões de livros. Quase sem saber ler nem escrever, eu já reuni mais de três mil livros, quase todos meus companheiros para a vida, que me acompanham para todo o lado dominando espaços privados onde gosto de estar até para aguarelar arremedos de bibliotecas, sem ofensa para as Bibliotecas de Maria Helena Vieira da Silva, uma das quais ilustra a crónica de Eugénio Lisboa.