Tempo das crónicas sem palavras

Palácio das Necessidades / Lisboa 2013

A cor da terra, quando a terra parece ouro velho, é impossível de imitar. E que perfume tem quando chove ? Há palavras com sabores, cheiros, texturas que podem ouvir-se e ver-se. São essas palavras que começam a falhar, neste tempo sem cor nem alegria, quando, impotentes para alinhar as palavras que mais apreciamos, sentimos vontade de desistir. Ainda há dias me queixava de não saber escrever crónicas sem palavras, a condizer com os retratos a preto e branco deste país, novamente triste e pátria de múltiplos exílios. Gostava de ter uma escrita de tal forma clara que fosse reconhecida pela cor ou pelo tacto. Mas também não é facil, como tudo o resto.