Um milésimo de segundo de nada

Uma caixa velha / Foto JR

Uma vez fiquei preso numa terra de ninguém, entre canais de televisão, quando, por um milésimo de segundo que me pareceu a eternidade, o tempo parou no preciso instante em que mudava de canal com auxílio de um telecomando avariado. Se ao menos tivesse apanhado aquela chuva característica da ausência de emissão televisiva, mas nada, nem isso. Apanhei precisamente o nada, sem sinal de não emissão, o que constitui uma profunda incomodidade, quase uma angústia. Parar num milésimo de segundo de nada é muito tempo para uma oportunidade tão rara.