arquivo > setembro de 2014

O livro é uma mulher

Campo de margaridas. JR 2014 (técnica mista(

Um dos títulos que mais me fascinou foi o de uma crónica, publicada no Diário de Coimbra, por um então estagiário de jornalismo ali colocado pelo meu querido amigo Jorge Castilho. Nesse texto da fronteira entre o jornalismo e a literatura, o autor - e o leitor - seduzia-se por uma jovem que andava de porta em porta a vender livros, alegadamente a troco de uns pontos que, uma vez obtidos, garantir-lhe-iam  uma desejada bolsa para a continuação dos estudos. Gostaria de utilizar esse título ("O livro é uma mulher") como paráfrase para a história da "refundação" da minha biblioteca mas talvez me contente com um "Meu Querido Fundo Bibliográfico" que também é uma paráfrase do álbum "Meu Querido Jardim Botânico", uma parceria entre os poetas Tom Jovim e Zeca Araújo para memória do Jardim Botànico do Rio de Janeiro. Um livro que faz parte do meu fundo bibliográfico.

Meu "fundo" bibliográfico

desenho em Setembro no Parque Nascente (aguarela) JR 2014

Tenho de definir, até ao fim do ano, aquilo a que poderei chamar de "fundo" da minha biblioteca. Por outras palavras, tenho de escolher os livros que vou levar para o espaço destinado à biblioteca na minha futura casa, ainda em construção, e escolher aqueles que deixarão de figurar, por impossibilidade física, nesse acervo. É uma escolha difícil e, por vezes, dolorosa, mesmo considerando que os livros "rejeitados" irão conhecer outros potenciais leitores numa biblioteca em formação de uma instituição cultural aberta ao público. Um "fundo" bibliográfico é como uma biografia de quem o foi constituindo, especialmente se os livros forem agrupados por data da respectiva aquisição. Os títulos, os temas, os géneros, os autores tudo reflecte o interesse cultural, as preocupações e até mesmo alguns projectos (mesmo os projectos que ficaram esquecidos ao fundo de uma estante) de quem, ao longo de uma vida, foi acumulando esses amigos