Nesta Europa, lugar de exílio

Casa de Ferro, Maputo, Foto de Ilan Molcho (pormenor)

Se eu pudesse, só lia poesia e aguarelava riscos de esferográfica em papel de 300 gramas, sem ácidos. O Sol de Novembro deixaria de ser o único a brincar de artista nas acácias floridas. Nem Viriato da Cruz, que um dia denunciou a que também brincava assim, dizendo que ela espalhava diamantes na fímbria do mar, e tinha uma pele macia, e seios laranja e cheirava a rosas, nem esse poeta, que bem tentou o feitiço de uma quimbanda de fama, e viu que o feitiço, como muitos outros feitiços,  falhou , nem ele, alguma vez sentiu-se mais africano e com mais saudades de Àfrica do que eu, neste momento em que a Europa é um imenso lugar de exílio, mais do que uma Pátria, para os europeus. Lembrando Daniel Filipe, outro poeta africano.