Cordialmente, até nunca mais

Na rota da seda / Fotolia

Nos últimos dois dias, estas notas pessoais foram marcadas por uma desagradável descoberta - a de confirmar, mais uma vez e sempre com mágoa, que somos todos tão descartáveis como as rugas de uma estrela de cinema a envelhecer às mãos hábeis de um artefinalista que domine um bom programa de tratamento de imagem digital. A prática de reescrever passados, como aqueles que Félix Ventura (personagem criada pelo escritor José Eduardo Agualusa) vende, é tão comum quanto a prática de apagar passados ou de eliminar pessoas indesejáveis dos cenários a reescrever. A grande diferença e surpresa ocorre quando tal prática é assumida por gente que pensavamos incapazes de tal e num contexto onde jamais imaginaríamos que essa indignidade acontecesse. Nestes casos, a única saída é enviar uma saudação com um "cordialmente, até nunca mais".