Gostava de pintar como Di Cavalcanti
29.jan.2016, Véspera, sem história, de um sábado pouco promissor
Gostava de pintar como Di Cavalcanti. E de frequentar bares como os que ele seguramente frequentou quando criou os fantoches da meia-noite. Eu frequentei bares assim, como a Clepsidra, em Coimbra, mas não pintava e deixei passar esse tempo sem fixar, pelo desenho ou pela pintura, essa memória. São os lugares preferidos pela fauna - a que julgo ainda pertencer - que gosta de começar a noite a conversar, frente a um bom vinho e em boa companhia. Lugares mágicos, onde há sempre um piano que, no mínimo, serve para, de copo na mão, encostarmos o corpo a semicerrar os olhos como quem mede um desejo. Gostava de pintar como Di Cavalcanti e de ser capaz de integrar um colectivo que iniciasse um tempo novo, mais moderno, como ele iniciou há quase um século.