Que viaje à volta do computador

Clepsidra, Coimbra

Que viaje à roda do seu computador quem, não estando em Turim, possa viver numa cidade que no Inverno seja comparável a Sampetersburgo — entende-se. Mas hoje, que reconhecemos em Lisboa alma tão mediterrânica como a de qualquer cidade do mediterrâneo, o próprio Almeida Garrett aplacaria no estuário do Tejo, nesse mar da palha, olhando-o do cais das colunas, a inquietude da sua alma de viajante e nem precisaria de ir a Santarém ou de ficar preso a googlar sem fim  para fazer crónica de quanto visse, ouvisse, pensasse e sentisse. Ali, de costas para o Terreiro do Palácio, descobriria outra Joaninha dos olhos verdes, seguramente uma jovem licenciada que todas as manhãs chega de barco à Estação Ferroviária de Sul e Sueste, para entrar antes das nove num escritório da Rua da Prata.