Três praças maduras

Instalação no Centro de Arte Moderna da Fundação Gulbenkian em Lisboa

Estar apaixonado por Lisboa, sendo portuense, não é trair a cidade do Porto. É apenas e tão só uma irresistível atração pela luz, por essa luminosidade intensa tão própria das estrelas - que têm luz própria - e que sabem maquilhar-se com a transparência e o perfume da água. Eu não sou de Lisboa mas gosto de Lisboa. E depois Lisboa tem os olhos verdes, como a Joaninha dos olhos verdes, hospedeira num barco de cruzeiro entre Lisboa e Santarèm que, além do mais, era o distrito natal do meu pai. Eu vi primeiro a lisboeta Praça do Comércio, a que o povo nunca deixou de chamar Terreiro do Paço, do que qualquer praça ou avenida no Porto. E a minha segunda praça foi a da República, em Coimbra, e só muito mais tarde pude sentir-se também portuense na Praça da Liberdade, que é aquela que acolhe o Palácio das Cardosas, hoje Hotel Intercontinental do Porto. Três praças maduras.