Ninguém quer ficar triste na fotografia

Baixo relevo no portuense jardim do Marquês (pormenor)

Há dias, alguém reparou no olhar triste do Manequim do Mar, um manequim trabalhado pelo pintor José Emídio no âmbito de um desafio colocado a vários artistas pela Associação de Jornalistas e Homens de Letras do Porto. Nunca tinha reparado na tristeza daquela escultura, talvez por sempre a olhar apenas como um manequim, maquilhado, e não como uma peça escultórica que realmente é. Mas olhando-a com olhos de ver, acabei reconhecendo que o Manequim do Mar tem um olhar triste, sendo certo que essa tristeza, recriada pela intervenção de José Emídio, é a exacta medida da obra de arte em que se transformou aquele manequim produzido em série numa fábrica de manequins. Na sequência desta observação, comecei o olhar melhor para muitas manifestações de arte que vivem na cidade, muitas delas também de alma triste, embora ninguém queira ficar triste aos olhos dos outros.