Uma geração que resiste ao sufoco

Galo nu, depenado. Foto JR (pormenor de um trabalho da ceramista Zinda)

Gostaria de dizer, modéstia à parte, que a geração que tinha vinte ou quase vinte ou vinte e poucos anos no 25 de Abril, a que já viu tanta cidade, tanta gente e tanta coisa, uma geração, para pegar em verbos de Rilke, que conhece os animais e sente como os pássaros voam ou sabe os gestos com que as pequenas flores se abrem pela manhã, esta geração a que me agarro continua a tentar ser uma das mais fortes entre as que não desistem da difícil tarefa de fazer um Portugal melhor para todos os portugueses. Uma geração que ainda resiste a enredar-se em calculismos, na conveniência do politicamente oportuno, para fugir a esse compromisso abraçado por volta dos vinte anos, há mais de quarenta. Gostaria de dizer, de poder dizer isto.