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Uma pergunta à queima-roupa

Jornalista devidamente arquivado / autorretrato JR 2017

Numa daquelas sessões de glorificação do jornalismo como profissão sedutora, um adolescente recém-saído da infância, depois de saber que eu tinha sido jornalista durante mais de 30 anos, perguntou-me, à queima-roupa, qual tinha sido a entrevista ou a reportagem que eu mais tinha gostado de assinar ao longo de todo o meu tempo profissional. Julgo ter respondido que foi uma reportagem em Cabo Verde realizada por altura da transição do regime de partido único para um regime multipartidário, pois este trabalho foi um dos que mais gostei de ter desenvolvido. Pudesse a resposta ter sido dada com mais tempo e teria escolhido uma reportagem sobre o Festival Internacional de Teatro de Expressão Ibérica (FITEI), no ano de 1985, um trabalho, realizado com a pressão de ter de publicar um texto por dia, materializado na publicação de postais endereçados a gente ligada ao Teatro, com reparos, pedidos ou mesmo elogios, cujas imagens foram sempre fotografias dos espectáculos escolhidos, assinadas por Marco, reporter fotográfico do JN. Um trabalho simples, a ocupar pouco espaço, mas de grande impacto.

Também estou a pensar no caso de

Crónicas há muitas... JR foto e fotomontagem

Estou a pensar alterar o meu bordão nos textos que coloco na minha página do facebook , tornando-o mais consistente.  Em vez do já velho "Estou a pensar" talvez comece a escrever "Estou a pensar no caso de ..." Homenageando Carlos Drummond de Andrade que titula assim contos, crónicas e até pelo menos um poema, como é o caso do "Caso do Vestido". Se é certo que Rubem Braga continua a ser o meu cronista de eleição - por ele ter feito da crónica "o género [único, acrescento] da sua vida", como diz Miguel Sanches Neto, professor de Literatura -, Drummond de Andrade, como também Manuel António Pina, com quem aliás tive a honra de privar na Redacção do Jornal de Notícias, são também cronistas maiores que olho como mestres deste género jornalístico e literário.

A importância de saber assumir o erro

Caracteres sobre caracteres.

Neste meio de comunicação - mais frio do que o frio "offset" -,  sinto falta de um programa de tratamento de texto que contemple um modo de funcionamento semelhante ao das velhas máquinas de escrever e proporcione a possibilidade de se apagar texto "batendo" por cima do texto a apagar xxxxxxxxxx. De forma a ser possível ler, com alguma dificuldade, o que fica sob tais xxxxxxxxxx. Como que a emendar um risco de um desenho com um outro risco mas sem apagar o risco original, ou melhor, inicial. Assumindo o erro, ou melhor, a versão primeira, rejeitada, o que só pode enriquecer a leitura, mesmo quando escrevemos para um número muito restrito de leitores ou até só para nós.